Há mais de três anos, eu encerrei as atividades do antigo Anikenkai. Na época, estávamos em meio a uma pandemia e eu achei que a melhor maneira de lidar com todo aquele caos global seria mergulhando completamente no meu trabalho “regular”. O resultado foi que, em 2020, as únicas atividades do blog foram dois episódios de podcast (sendo um único realmente “sério”) e nada mais. Não tinha mais tempo de gravar, de pensar em pautas e sequer de ver animes. Gastava praticamente todo o meu tempo trabalhando e só. Entretenimento havia virado algo secundário na minha vida e, por conseguinte, não tinha mais conteúdo para produzir. Enquanto muitos passaram a pandemia jogando videogame, assando pão ou diminuindo a pilha de leitura, eu passei a minha trabalhando como nunca havia trabalhado na vida.
Felizmente, apesar de ainda trabalhar em jornadas que muitos considerariam nada saudáveis, eu me coloquei em um processo de ativamente dividir melhor o meu tempo e poder curtir um pouco as coisas que não necessariamente tenham a ver com o meu trabalho. Consegui voltar a ver mais filmes e a jogar mais jogos, duas coisas pelas quais sou apaixonado desde criança e que ficaram completamente esquecidas nos anos 2020-2022 (e até um pouco de 2023), e tem sido verdadeiramente ótimo me reconectar com essas atividades que me dão tanto prazer. Porém… e os animes?
Bom, aqui, cabe um parênteses. Eu coloco animes numa categoria diferente de filmes e jogos. Animes, por muito tempo, foram o meu “segundo trabalho”. Por mais que o Anikenkai nunca tenha sido um blog muito popular (salvo talvez nos primeiros anos de sua existência), eu produzi conteúdo para ele por mais de 10 anos! Então, por grande parte da minha vida adulta o Anikenkai foi um “segundo trabalho”. Eu não via mais animes como apenas um entretenimento ou forma de arte. Tudo que eu via era tratado como conteúdo em potencial. Portanto, após a minha fase workaholic, a ideia de voltar a ver animes me remetia, ainda que inconscientemente, a trabalho, que era algo que eu estava ativamente tentando evitar.
Ao mesmo tempo, escrever (e, até certo ponto, “produzir conteúdo”) sempre me deu muito prazer. Eu nunca ganhei nem dinheiro nem fama com o Anikenkai. Sempre mantive o blog pelo prazer que me dava (ainda que fosse trabalhoso e, muitas vezes, custoso). Então, quando, no final de 2022, decidi me reconectar com as coisas que me davam prazer, escrever também estava entre elas. E, na época, cheguei a comprar um plano de hospedagem para escrever um blog pessoal que provavelmente ninguém leria porque (1) hoje as pessoas preferem ver vídeos e “shorts” do que ler e (2) porque eu não sou ninguém. Mas, mesmo assim, a ideia de escrever por escrever me enchia de alegria.
Foi aí que eu li a notícia de que a KyoAni está produzindo uma nova temporada de um dos meus animes favoritos, Hibike! Euphonium. E, para a minha surpresa, a notícia teve um impacto em mim que eu realmente não previa. Parece que uma chavinha virou na minha cabeça naquele instante. Não só eu tive vontade de voltar a ver animes como nunca (exagero, mas sou adepto de uma boa hipérbole), mas também tive vontade de escrever. Eu queria “jogar pro mundo” esse momento pelo qual eu estava passando. Queria botar em palavras e, com isso, levar qualquer um que se interessasse comigo nessa aventura. E, como a hospedagem já estava paga, era só botar em prática.
Enfim eu havia superado aquele bloqueio e estava pronto para voltar a ver animes. Tudo parecia muito lindo. O que eu não esperava é como isso seria DIFÍCIL. Mas essa parte fica para o próximo post.
Deixe um comentário